“Deus é constituído de multiplicidade simbólica, é híbrido, pouco ortodoxo, redesenhado a lápis, cujos contornos podem ser apagados e refeitos de acordo com a novidade da próxima experiência’. (professora Sandra, de Ciências Sociais e religião da Umesp). Agora é o fiel quem quer empunhar a escrita de sua própria fé”. (Revista Istoé)
Você já ouviu falar em trânsito religioso? Pois é, essa é a nova tendência do exercício da fé no nosso país, segundo uma reportagem que li na revista Istoé datada de 24 de agosto de 2011. Trata-se do fenômeno da migração religiosa entre os brasileiros, os quais trocam de crença como quem troca de roupa, até que encontrem uma religião que satisfaça aos seus desejos e necessidades. Do catolicismo para o candomblé, do protestantismo para o Islamismo e por aí vai1.
Para algum observador externo, pode até parecer que os brasileiros estão mais religiosos, mais espirituais. Pode parecer que a religião assumiu um lugar de importância na vida das pessoas e isso seria uma coisa boa. Entretanto, para mim (e espero que para você também, leitor cristão), esse fenômeno é um indicativo assustador da ausência do Deus Vivo no coração das pessoas. Vejo trevas e não luz.
Talvez seja influência da nossa sociedade atual pautada nos princípios ditados pelo capitalismo: o consumismo, o imediatismo, a era do fast food, a exigência do feedback imediato etc.. Talvez as pessoas tragam isso para o seu relacionamento com o que elas acreditam ser Deus. Ora, busca-se um Deus que se amolde às nossas exigências, submeta-se à nossa vontade, atenda às nossas necessidades. É uma verdadeira comercialização. A busca por serviços. Se esse Deus não faz o que você quer, não te espantes! Pegue uma borracha, apague-o e redesenhe um Deus conforme a sua imagem e semelhança.
“cada vez mais as pessoas estabelecem uma relação utilitária com a religião. Se não há o retorno, o fiel procura outra prestadora de serviço religioso. Entre os neopentecostais não se busca mais um líder religioso, mas um mago que resolva tudo num estalar de dedos”. (Revista Istoé).
Não se engane! Essa mania de controlar a Deus está, igualmente, presente nas igrejas evangélicas. As pessoas estão correndo atrás de bênçãos – sobretudo as de cunho materialista – e de vitórias. Todos querem que os seus problemas sejam resolvidos... e só, nada mais. A relação com Deus se tornou uma relação, substancialmente, de troca: Senhor, eu dou para receber. Cadê o primeiro amor? Onde está o verdadeiro adorador?
A própria Igreja contribui para isso. Vemos, a cada dia, a Igreja do Senhor se dividir num número infinito de denominações, sendo essa ruptura nada mais do que a tentativa de agradar a gregos e a troianos. Doutrinas distintas de Igreja para Igreja, aonde se vai mudando aquilo que não agrada a determinado grupo de pessoas. (Veja bem, quero esclarecer que não sou contra o crescimento numérico da Igreja do Senhor. Questiono, apenas, o motivo de tantas divisões, a questão da comercialização da figura de Jesus). As Igrejas se reinventam, nem sempre baseadas na Palavra de Deus, com o objetivo de se tornarem mais atrativas. Instaurou-se a lógica do mercado: uma verdadeira lei da oferta e da procura. Cada um fica à vontade para escolher aquela que mais corresponda às suas expectativas. Depois pode trocar, se quiser.
Que vazio! Que falta do Senhor Deus! Que desapego à Verdade das Escrituras! Esquecemo-nos da mensagem da Cruz, do propósito da morte de Jesus, do significado da sua ressurreição. A Palavra de Deus está sendo dissolvida em invencionismos humanos. Demos lugar ao nosso Eu, às nossas vontades, à nossa verdade. O que estamos procurando?
Não podemos deixar que o nosso EU tome o lugar de Deus. Precisamos ser cautelosos, pois é tênue a linha que separa a verdadeira adoração do adorar por interesse. É certo que Deus provê todas as nossas necessidades. É Bíblico. Mas que não deixemos que o nosso relacionamento com o Senhor se torne uma mera relação de consumo, onde Deus assuma a posição de simples fornecedor de serviços.
Para escapar dessa armadilha, nada melhor do que nos agarrar à Palavra de Deus. À medida que nos alimentamos da Verdade, a Palavra toma conta de nós e Jesus se revela como verdadeiramente Ele é. Muitos estão cegos, mas devemos parar de olhar para este mundo com os olhos do mundo. Temos que olhar com os olhos da Eternidade. Amar a Deus pelo que Ele é e não pelo que Ele pode nos dar.
Por Alexia Guerra, integrante da MOBINP.
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3 comentários:
"Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." Romanos 11:36
Mercantilismo medieval contemporâneo cristão. : )
Gostei muito! :D
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